Índios, Reforma Agrária, Meio Ambiente e Sociedade...

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sexta-feira, 27 de maio de 2011

Clique no link e veja o que este governo vem fazendo pela Reforma Agrária neste país…

 

Acompanhe aqui no Blog da Associação dos Servidores do INCRA  de SP o desenrolar do impasse pela nomeação de um novo Superintendente para a SR 8 SP do INCRA no lugar do Raimundo Pires de Oliveira, o BomBril, militante do PT.

Aos poucos a sujeira vai sendo descoberta debaixo do tapete e mais uma vez quem paga a conta é o povo brasileiro.

E aqui não se trata de veiculação pela mídia (grande imprensa) e sim pelos funcionários de carreira de um órgão público dos mais importantes deste pais.

http://assincrasp.wordpress.com/2011/05/04/vicentinho-declara-apoio-a-lafaiete/#comments

TAPUYA: Camponeses foram assassinados ontem nas proximida...

TAPUYA: Camponeses foram assassinados ontem nas proximida...: "José Cláudio Ribeiro da Silva e sua esposa, Maria do Espírito Santo, foram assassinados dia 24/05 nas proximidades de Nova Ipixuna (PA). ..."

TAPUYA: Câmara, sob ordem do agronegócio, aprova devastaçã...

TAPUYA: Câmara, sob ordem do agronegócio, aprova devastaçã...: "25 de maio de 2011 Do Greenpeace Brasil fonte: MST A Câmara dos Deputados decidiu hoje que o Brasil não deve ser o p..."

quinta-feira, 26 de maio de 2011

IBAMA não tem certeza sobre condicionantes de Belo Monte.

 

Fonte:  Medialivre em 26/05/2011

Relatório do consórcio responsável pela usina mostra que sequer saiu do papel grande parte das providências exigidas pelo Ibama ; MPF recomenda à comissão de licenciamento do Ibama que licença não seja expedida sem o cumprimento dessas providências
A maioria das obras obrigatórias para reduzir impactos sociais e ambientais decorrentes da construção da hidrelétrica de Belo Monte não está finalizada ou sequer saiu do papel, aponta relatório da Norte Energia S.A. (Nesa), consórcio de empresas responsável pela usina. O Ministério Público Federal (MPF) no Pará, que solicitou o levantamento à Nesa, recebeu o documento nesta terça-feira, 24 de maio.
Desde abril o MPF tentava, sem sucesso, obter essas informações. Procuradores da República no Pará também solicitaram à Nesa que, juntamente com as informações, o consórcio encaminhasse fotos das obras já em andamento. A Nesa, no entanto, não enviou nenhuma imagem.
O governo federal estima que cerca de 100 mil pessoas migrarão para a região atraídas pelos empregos gerados pela obra, mas grande parte das obras preparatórias, como construção ou ampliação de escolas, só será entregue em dezembro do ano que vem.
Recomendação - A preocupação do MPF é de que, a exemplo do que já aconteceu em etapas anteriores do processo de licenciamento, as exigências sociais e ambientais sejam ignoradas. Para evitar que isso ocorra, os procuradores da República Bruno Alexandre Gütschow, que atua em Altamira, e Felício Pontes Jr. e Ubiratan Cazetta, de Belém, enviaram nesta quarta-feira, 25 de maio, recomendação aos integrantes da Comissão de Licenciamento Ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), solicitando que eles não emitam a licença de instalação para o empreendimento enquanto não forem cumpridas as ações de prevenção e redução dos impactos socioambientais do projeto - as chamadas condicionantes.
O último documento de trabalho dos técnicos do Ibama sobre o andamento das ações antecipatórias - nas áreas da saúde, educação e saneamento -- e sobre o atendimento das condicionantes mostra que a situação na região de Altamira continua muito precária.

Categoria: Sem fins lucrativos/ativismo

 

Vejam aqui os depoimentos...

A dancinha do “toma lá, dá cá.” ou “nunca diga que desta água não beberei jamais”

 

Lula relata a Palocci insatisfação de aliados

 

BRASÍLIA - Preocupado com as insatisfações e ameaças da base governista no Congresso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu nesta quarta-feira, 25, a senha da operação destinada a abafar a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o patrimônio do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci. Em conversa reservada com Palocci, na terça-feira, 24, Lula foi taxativo: avisou que ou o ministro atendia os parlamentares ou até aliados poderiam endossar uma CPI no Senado, encurralando o Planalto.

O ex-presidente relatou o diálogo que teve com Palocci durante café da manhã com dez líderes de partidos aliados do governo, nesta quarta, na casa do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). 'Você tome cuidado porque sua situação no Congresso não é boa. Todo mundo está insatisfeito com sua conduta', disse Lula a Palocci, de acordo com relatos de senadores.

Na tentativa de evitar a CPI, Palocci passou a telefonar para os senadores e pedir apoio. Disse estar sendo vítima de uma 'campanha de difamação' e se prontificou a marcar conversas privadas com os parlamentares, para esclarecer as denúncias que pesam contra ele.

Lula jantou com a presidente Dilma Rousseff, Palocci, Gilberto Carvalho (ministro da Secretaria-Geral da Presidência), Miriam Belchior (Planejamento) e com seu assessor Luiz Dulci, na terça-feira, no Palácio da Alvorada. Cobrou de Dilma e Palocci mudanças urgentes na articulação política do governo, disse que era preciso atender os aliados na montagem do segundo escalão e acenou com um cenário nada animador. Para Lula, se o governo não agir rápido para conter os dissidentes da base aliada e estancar a crise, a CPI no Senado pode sair.

Queixas. Na manhã de terça-feira, um dia depois de almoçar com senadores do PT, o ex-presidente ouviu mais queixas dos líderes da base aliada - do PMDB ao PTB, passando pelo PR e PP- e assumiu as rédeas da coordenação política do governo. Em tom de apelo, Lula pediu um 'voto de confiança' em Palocci e, mais uma vez, tentou contornar a crise política, sob o argumento de que o alvo da oposição é o governo Dilma.

'Palocci é o homem que prestou muitos serviços ao nosso governo e não podemos desampará-lo', disse o ex-presidente. Enquanto o café era servido, com pastel de queijo e bolo de aipim, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) 'monitorava' o andamento das comissões no Senado, pelo celular, na tentativa de barrar qualquer pedido de convocação de Palocci.

Seguindo os conselhos de Lula, o ministro da Casa Civil também passou a telefonar para os senadores. Acusado de aumentar seu patrimônio em 20 vezes nos últimos quatro anos e de fazer tráfico de influência por meio da empresa de consultoria Projeto, Palocci intensificou a ofensiva para impedir a CPI.

O senador Magno Malta (PR-ES) foi um dos procurados, mas não atendeu o telefonema de Palocci. 'Quando a crise pega, esse pessoal do governo fica humildezinho, mas comigo não. Palocci precisa aprender com esse episódio. A arrogância precede a ruína', disse Malta.

Sinal amarelo. Palocci também ligou para o senador Eduardo Braga (PMDB-AM), em busca de apoio para conter a ala descontente do PMDB. Quem avisou o Palácio do Planalto de que o sinal amarelo já estava aceso no PMDB foi o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). O petista advertiu que Sarney e o líder peemedebista Renan Calheiros (AL) não têm o controle da bancada por conta de um movimento de descontentes que, nas contas do PT, soma 9 dos 18 senadores do partido.

'Lula tem razão: se esse grupo não for bem articulado, a CPI pode sair no Senado', aconselhou Lindberg. Palocci agiu rápido. Começou por um dos mais influentes senadores do chamado 'PMDB contrariado', aproveitando-se da boa relação construída nos tempos em que Braga era governador do Amazonas.

O discurso de Palocci está centrado no prazo de 15 dias que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, concedeu a ele para dar as informações necessárias ao esclarecimento do caso.

Irritado com a falta de interlocução com o governo, o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) lembrou que há dois meses vem pedindo uma audiência com o chefe da Casa Civil, sem nunca ter obtido nenhuma resposta. 'Temos sido ignorados. Estamos no limite da insignificância', queixou-se ontem o capixaba, que engrossa a lista dos insatisfeitos.

Fonte:

Por Vera Rosa e Christiane Samarco, de O Estado de S. Paulo, estadão.com.br, Atualizado: 25/5/2011 21:08

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sábado, 21 de maio de 2011

DESCASO E IRRESPONSABILIDADE DE UMA ADMINISTRAÇÃO DESASTROSA (03)


MAIS UMA VEZ, O QUE ESTAMOS VENDO E OUVINDO É TÃO SOMENTE A VOZ DO POVO QUE JÁ  NÃO AGUENTA MAIS ESTES TIPOS DE POLITICOS.
EM UMA SOCIEDADE QUE NÃO VÊ COMANDO POR PARTE DOS GOVERNANTES, TUDO PASSA A SER PERMITIDO E LEGAL, UMA VEZ QUE NADA É FEITO E NADA É CONDUZIDO DE FORMA SÉRIA.


FONTE:
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sexta-feira, 20 de maio de 2011

DESCASO E IRRESPONSABILIDADE DE UMA ADMINISTRAÇÃO DESASTROSA (02)

 

Vejam aqui mais uma obra que só ficou no espaço virtual da imaginação do nosso Prefeito Municipal: o Centro de Zoonoses de Pirajuí que não conseguiu sair do papel e do imaginário do alcaide.

Mais uma vez constatamos que em nosso município não há nenhum tipo de proposta  para esta questão das Zoonoses que vive num mundo de fantasia e de faz-de-conta com a contratação de uma OSCIP mas que não atende a contento os diversos problemas do município.

 

 

 

Infelizmente esse é o triste retrato de Pirajuí, interior de São Paulo, registramos a triste cena de animais agonizando despejados por seus donos em terremos onde se acumulam lixo, em frente a casa de moradores que não sabem com quem mais reclamar.

 

   FONTE:

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Histórias da Ditadura Militar de 1964 (04)

HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
O navio-prisão (3)
 Uma das páginas negras da história santista

Texto da jornalista Lídia Maria de Melo, publicado no jornal santista A Tribuna em 2 de novembro de 2003:

h0181c3 Thomas Maack que acabou se exilando nos Estados Unidos
(Foto: reprodução/1965 - publicada com a matéria)

MEMÓRIA

Thomas Maack, médico e preso do Raul Soares

De Nova Iorque, após 39 anos, pesquisador relata fatos vividos no navio-presídio

Lídia Maria de Melo
Editora Local

Santos, 1964. Com revólver em punho, um oficial da Marinha pára diante da cela. Há uma emergência noturna no navio Raul Soares. Um prisioneiro acaba de cortar os pulsos, para tentar se matar. O jovem médico de cabelo vermelho e nome alemão é levado para prestar os primeiros-socorros.

Depois de constatar que o corte é superficial, faz a sutura e aconselha a remoção do ferido para a Santa Casa. A partir daquela noite, quando os presos adoeciam, eram tratados por ele, Thomas Maack, um prisioneiro também.

Nos relatos que depois surgiram sobre a embarcação que serviu de presídio político no porto, de abril a outubro daquele ano, o médico era sempre mencionado. Ninguém, porém, sabia precisar o seu paradeiro. Assim, ele se tornou apenas um nome, uma lembrança para alguns poucos.

Hoje, faz exatamente 39 anos que o Raul Soares foi rebocado das cercanias da Ilha Barnabé para virar sucata no Rio de Janeiro.

No próximo mês, completará a mesma quantidade de tempo que Thomas Maack deixou o Brasil, aos 29 anos, com a mulher, a professora Isa Tavares Maack, e a filha Marisa, de 18 meses. Se ficasse, voltaria a ser preso pelos militares que comandavam o País desde 31 de março daquele mesmo ano de 1964.

Por coincidência (que não sera a única em sua vida), foi com idade idêntica que seu pai, Hans Maack, saiu de Insterburg, na Alemanha, com destino ao Brasil, no início de 1936, para proteger a família do nazismo. A mãe, Kate Maack, era de origem judia e Thomas tinha poucos meses de nascido.

Em agosto último, consigo localizar Thomas Maack nos Estados Unidos. Depois de tomar conhecimento de que meu pai, Iradil Santos Mello, também esteve no navio-presídio, aceita de pronto conceder entrevista, com exclusividade. Numa longa conversa, por e-mail, durante mais de dois meses, ele conta os motivos de sua prisão, sobre o período de isolamento no Raul Soares, a fuga do Brasil e as dificuldades de adaptação em um país para onde a vida o levou.

"Algumas lembranças são duras, mas, em geral, lembrar é quase uma catarse para mim", sintetiza o médico, que se tornou pesquisador de renome internacional e professor titular de Fisiologia da Weill Cornell Medical College (Escola Médica da Universidade de Cornell), da cidade de Nova Iorque.

Exílio - Quando decidiu ir embora, em dezembro de 1964, após ser libertado, achou que logo voltaria. O regime militar, no entanto, durou 25 anos e ele foi expulso do País por decreto do Governo, perdendo o direito de se naturalizar brasileiro.

Após a assinatura da Lei da Anistia, em 1979, retornou. Mas a família, já acrescida de mais uma filha, Márcia, não se adaptou. "Essa é uma história importante de exílio", analisa. "Não se fica fora do País por 15 anos, para depois voltar como se nada tivesse acontecido". O regresso para os Estados Unidos foi inevitável. Em 1982, Thomas Maack naturalizou-se norte-americano.

Mesmo vivendo em Nova Iorque há quase quatro décadas, o cientista de 68 anos, completados em 17 de julho, ainda torce para o Corinthians e tem o coração fincado em São Paulo: "Continuo a me considerar um paulistano típico". Esse sentimento se explica, a seu ver, porque foi na capital paulista que ele passou a infância, a juventude e o início da fase adulta.

Ao Brasil, costuma vir para compromissos profissionais e, ocasionalmente, em férias. À Baixada Santista, nunca mais voltou. Mas daqui ele guarda recordações melhores do que as dos meses em que esteve preso no navio e na cadeia do Palácio da Polícia, na Rua São Francisco, no Centro.

"Conheço Santos e a Baixada desde criança, quando eu ia passar as férias com meus pais. Lembro da Praia do Gonzaga, em Santos; de Itanhaém, onde eu ia namorar a Isa; de Bertioga, onde passamos a lua-de-mel e choveu o tempo todo, e de Guarujá. Nunca associei minha prisão, no Raul Soares e na cadeia, com Santos".

Prisão ocorreu na Faculdade de Medicina da USP

 

Thomas Maack foi preso na manhã de 8 de junho de 1964, uma segunda-feira, por agentes do Departamento da Ordem Pública e Social (Dops) e militares à paisana.

Estava em seu laboratório, na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), onde se formara em 1961 e depois se tornara auxiliar de ensino no Departamento de Fisiologia.

Era acusado de subversão e de planejar a implantação do regime comunista no País, por ter participado dos movimentos estudantil e trotskista. "Os militares sabiam que eu tinha um conhecimento grande das atividades, inclusive de nomes de militantes". Ele ressalta, porém, que já havia rompido com o trotskismo quando foi preso. Mesmo assim, a seu ver, essa ex-militância foi o motivo principal de sua prolongada prisão.

Também pesou o fato de ter se oposto ao golpe militar dentro da FMUSP, já como professor. Acabou delatado por outros docentes e funcionários da faculdade.

Na tarde do mesmo dia 8, seu apartamento foi invadido. Levaram livros e papéis, desatarraxaram lâmpadas, esvaziaram gavetas e armários. Buscavam provas para as acusações que lhe imputavam. "Como fui absolvido pela Justiça Militar nos dois processos em que figurava, essas acusações deviam ser patentemente falsas".

Algumas eram mesmo grotescas. "Disseram que encontraram uma bala de arma do Exército no nosso apartamento. Nunca peguei uma arma ou bala de espécie alguma em minha mão. Disseram que tinham uma fotografia minha, vestido de sargento no Nordeste, fomentando a revolução comunista. Nunca tinha ido ao Nordeste brasileiro".

Da USP, foi levado para a sede do Dops. E, após algumas horas, para o Quartel do Exército de Quitaúna, em Osasco, onde ficou por cerca de três semanas. Era submetido a extensos interrogatórios comandados pelo tenente-coronel Sebastião Alvim, que mandou invadir também seu laboratório na FMUSP.

Nessa ação, os militares pegaram seus livros de protocolo, onde estavam anotadas as experiências que realizou de 1962 a 1964. "Os livros de protocolo são o que há de mais precioso para um pesquisador". Mas eles achavam que as anotações escondiam códigos secretos de atos subversivos e nomes de guerra de outros militantes.

O cientista, que já é avô de Marcelo e Lucas, cita outro exemplo de avaliação equivocada de seus atos. Em uma das sessões de interrogatório, o coronel alertou-o sobre o caráter comprometedor da cesta vermelha em que ele carregava Marisa, ainda bebê, de casa para a creche do Hospital das Clínicas (HC), que era, e ainda é, vinculado à FMUSP.

Na visão do militar, que morreu em janeiro de 1998, e de alguns delatores da FMUSP, a cor era uma prova irrefutável de sua ideologia comunista. Thomas Maack rebateu com humor a interpretação. Alegou que seu cabelo ruivo, quase da tonalidade de um tomate, já seria suficiente para simbolizar suas idéias. Ainda assim, a cor da cesta figurou em um de seus processos na Justiça Militar como indicativo de sua culpa.

h0181c4 Os presos que adoeciam eram atendidos por Thomas Maack
(Foto: reprodução - 16/9/1964 - publicada com a matéria)

Quatro meses de confinamento

No final de junho de 1964, Thomas Maack foi trazido para Santos e confinado no Raul Soares, sem que a família soubesse. Ele estima que no navio, supervisionado pela Marinha, houvesse cerca de 150 presos políticos. A maioria era do movimento sindical santista e de outras regiões do Estado. Havia ainda militares, jornalistas, estudantes e lideranças de várias áreas.

O cientista se lembra de poucos nomes. Sabe que muitos adoeciam e deveriam ser acompanhados por um médico da Marinha, que quase não aparecia. Quando passou a assistir esses doentes, apontava aos oficiais a necessidade da transferência para a Santa Casa, se havia gravidade. "Eles sempre acatavam, porque temiam que houvesse morte entre os prisioneiros e uma rebelião".

O estudante Tomoshi Sumida era um dos que estavam com a saúde fragilizada. "Constantemente, ele era encarcerado nos chamados quarto quente e quarto frio. Mandei avisá-lo de que deveria ser visto por um médico, no caso, eu, que daria um jeito de dizer que sua saúde não suportaria aquele tipo de exposição. Mas Sumida era corajoso e resolveu mostrar aos militares que as punições não o iriam quebrar. Não era a melhor decisão, mas eu respeitava".

Após a leitura de meu livro, Raul Soares, Um Navio Tatuado em Nós, que pediu a um amigo para comprar no Brasil, o pesquisador relata: "A narativa de seu pai evocou muitas memórias. A descrição sobre o caso do Zeca da Marinha me fez relembrar com clareza um episódio".

No final de uma tarde, um integrante da Polícia Marítima e um oficial da Marinha levaram à sua cela um prisioneiro com alto grau de agitação e incoerência mental. O oficial achava que o homem estava fingindo ser louco. Thomas Maack garante que nada havia de encenação no comportamento do preso.

"A agitação era incontrolável e poderia se transformar em violência. Quando estava tentando dizer isso ao oficial, o prisioneiro tirou a sua aliança do dedo e a engoliu".

O oficial e o policial ficaram impressionados e se retiraram, deixando o prisioneiro na cela por cerca de duas horas. Ele acredita que esse preso era Zeca da Marinha. "Ele não falava. Às vezes, andava de um lado para o outro. Outras, sentava com as mãos na cabeça. Depois, foram buscá-lo e o liberaram não sei para onde".

Tratar dos doentes era a única maneira de Thomas Maack ter contato com outros presos. Ele ocupava uma cela individual que o mantinha isolado, ao contrário do que ocorria com a grande maioria que estava alojada em péssimas condições no porão.

"O meu isolamento não me permitiu conhecer os trabalhadores da orla marítima, de saber de suas angústias, de seus castigos, de seus desesperos, mas também de seu companheirismo".

Mesmo assim, conseguiu que a liderança dos sindicalistas desse um jeito para que um policial transmitisse um recado seu a Isa na Capital. "Aproveitei que alguns tinham boas relações com policiais marítimos".

Após mais de três meses no navio, ele recebeu a primeira visita. Foi a de sua mãe, que levou Marisa. Isa só obteve autorização quando faltavam poucas semanas para a desativação do presídio flutuante. Na primeira vez, ela foi sozinha. Na segunda, estava com a filha.

Em outubro de 1964, o governador Adhemar de Barros expurgou Thomas Maack da FMUSP. Depois, a direção da creche do HC expulsou Marisa, já que o pai não era mais professor da universidade. O castigo ao bebê foi revogado após protestos e repercussão na imprensa.

Em tempo: os ex-presos políticos Zeca da Marinha, Tomoshi Sumida e Iradil Santos Mello já são falecidos.

h0181c5 O cientista Thomas Maack é professor titular de Fisiologia e Medicina
(Foto: Andrew Suhl/especial para A Tribuna, publicada com a matéria)

Exílio foi a única alternativa para evitar perseguições

O Raul Soares foi desativado no dia 23 de outubro de 1964. Nessa data, a maioria dos presos foi libertada e processada, além de ter os direitos políticos cassados por dez anos. Junto com alguns prisioneiros militares, Thomas Maack foi transferido para a cadeia do Palácio da Polícia, de onde só saiu no dia 15 de dezembro por força de um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal.

Três dias depois, nova prisão preventiva foi decretada. Dessa vez, ninguém mais conseguiu prendê-lo. Com o auxílio de pessoas que ajudavam perseguidos políticos, conseguiu um passaporte alemão e foi até Curitiba com a mulher e a filha.

De lá, os três viajaram de avião para Assunção, no Paraguai. A intenção era seguir para o Canadá, mas não havia vôos diretos. Seria preciso um visto norte-americano. Permaneceram uma semana na capital paraguaia antes de partir para Nova Iorque.

Nos Estados Unidos, ficaram com familiares em Siracusa. Amigos desaconselharam a ida para o Canadá. Ele, então, falando um inglês que mal dava para ser entendido, foi conhecer o Departamento de Fisiologia da Faculdade de Medicina da cidade.

Por outra grande coincidência, encontrou o renomado fisiologista renal William Kinter, que havia conhecido durante um congresso na Argentina, em 1959. "Contei a Kinter minha história e ele imediatamente me ofereceu uma posição de pós-doutorado em seu laboratório. Assim, uma semana depois, havia conseguido um emprego. Logo, Isa foi aceita na pós-graduação de História. Ficar nos Estados Unidos não foi uma decisão racional. Foi aonde a vida nos levou".

A prática médica de Thomas Maack terminou no Raul Soares. Nunca mais atendeu a pacientes. Não por falta de vontade, mas porque sua carreira nos Estados Unidos o direcionou exclusivamente à pesquisa e ao ensino médico.

"A minha contribuição para o Brasil está na formação dos diversos brasileiros que foram treinados aqui nos Estados Unidos. A maioria desses meus estudantes brasileiros, hoje, ocupa posições de liderança profissional no País".

h0181c6 Reportagem de A Tribuna de 17 de setembro de 1964 menciona o médico
(Imagem publicada com a matéria)

Saiba Mais

Thomas Maack lecionou na Faculdade de Medicina da USP, de 1962 a 1964, e na Universidade Estadual de Siracusa (NY/EUA) de 1965 a 1969. Nesse mesmo ano, foi contratado como professor pela Escola Médica da Universidade de Cornell (NY/EUA), onde mais tarde se tornou titular dos departamentos de Fisiologia e de Medicina. Também integrou a comissão que implantou o sistema de reserva de vagas para negros. Membro da Academia Brasileira de Ciências desde 14 de junho de 2000, dedica seu trabalho à pesquisa e à formação de médicos.

Nos últimos 20 anos, sua pesquisa vem sendo centrada em estudos pioneiros sobre um hormônio produzido pelo coração, chamado fator natriurético atrial, que regula a excreção de sal do organismo e a pressão arterial. Publicou mais de 100 artigos em revistas científicas, além de capítulos de livros. Desde 1979, é convidado para realizar atividades como professor visitante em universidades públicas brasileiras. Foi consultor da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão ligado ao Ministério da Educação (MEC), em 1999 e 2001. De 1998 a 2001, participou da reforma curricular em cursos de Medicina, como o da Universidade Estadual de Campinas.

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O navio, na época em que foi usado como prisão militar
Foto cedida à autora em 1986 pelo proprietário do Museu Naval de São Vicente, Carlos Hablitzel, e incluída no livro Raul Soares, um Navio Tatuado em Nós, publicado em 1995

Memória

O navio Raul Soares foi construído em 1900 pela empresa alemã Hamburg-Sud e batizado de Cap Verde. Tinha capacidade para 587 passageiros. Pesava 5.909 toneladas. Transportava imigrantes da Europa para a América do Sul. Em 1919, foi vendido para a Grã-Bretanha. Em 1922, teve o nome trocado para Madeira. Três anos depois, comprado pelo Lloyd Brasileiro, passou a ser chamado de Raul Soares, em homenagem ao político que governou Minas Gerais e dá nome a uma cidade mineira. Trouxe para Santos muitos migrantes do Norte e Nordeste do País.

Estava inativo no cais da Ilha de Mocanguê, no Rio de Janeiro, quando foi rebocado pela embarcação Tridente, da Marinha, até o Porto de Santos, onde chegou no dia 24 de abril de 1964. Na semana seguinte, começou a receber prisioneiros políticos, acusados de subversão, por se oporem ao Governo MIlitar que havia deposto o então presidente da República, João Goulart, no dia 31 de março. Depois de desativado como prisão flutuante no dia 23 de outubro, o Raul Soares foi levado de volta para o Rio, na manhã do dia 2 de novembro de 1964. Acabou virando sucata, mas será sempre lembrado como um símbolo da repressão em Santos.

Fonte:

http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0181.htm em 06/16/03 19:43:24

quinta-feira, 19 de maio de 2011

DESCASO E IRRESPONSABILIDADE DE UMA ADMINISTRAÇÃO DESASTROSA (01)

 

Veja aqui o verdadeiro “tsunami” que esta administração represente para o município de Pirajuí.

Aqui é apenas e tão somente a palavra da população que não agüenta mais conviver com promessas e mentiras e com tanta omissão e descaso com o dinheiro público e com os munícipes.

 

 

Famoso Tira-Terra em Pirajuí-SP um verdadeiro Lixão em área urbana. Medidas que deveriam ser tomadas estão caindo ao esquecimento e a população já sofre com os problemas.

 

FONTE:

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terça-feira, 17 de maio de 2011

Histórias da Ditadura Militar de 1968 (03)

 

HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
O navio-prisão (2)

Uma das páginas negras da história santista

 

Além das histórias contadas por Marcelo Gatto, outro livro santista enfoca os acontecimentos do Raul Soares: escrito pela jornalista e professora Lídia Maria de Melo, conta a história de um dos presos políticos nesse navio: Iradil Santos Mello, seu pai. O jornal A Tribuna divulgou assim o lançamento do livro Raul Soares - Um navio tatuado em nós, em matéria publicada no dia 19 de novembro de 1995:

 

MEMÓRIA

'Raul Soares, Um Navio Tatuado em Nós'

Fernanda Piconez e Trigueiros
Da reportagem Jornal A Tribuna.

Por ironia, era um 1º de abril do ano de 1964. Os sindicatos foram invadidos por policiais das Forças Armadas, e como o operário Iradil Santos Mello havia passado a noite no Sindicato dos Operários Portuários e não chegara em casa pela manhã, sua esposa, Mercedes Gomes de Sá, foi procurá-lo. As filhas, Laura, de oito anos, e Lídia, de seis, não haviam ido à escola - que funcionava no sindicato - porque as aulas estavam suspensas.

Na volta, a mãe diz às filhas que o pai estava preso, e aí começa um drama vivido por muitas famílias em Santos e no País. A obrigação de estar calado, de denunciar amigos, de incriminar inocentes, de se afastar dos entes queridos, de fugir, de se esconder, de jogar tudo para o alto. Era o período da ditadura instituído pelo golpe militar, que deixou marcas profundas em muita gente.

Os sindicalistas, incluindo Iradil, foram presos no Palácio da Polícia, em Santos, de onde muito marginal foi tirado para ceder suas celas a eles, a jornalistas e a estudantes. Sindicatos sob intervenção, seus integrantes eram chamados para interrogatórios absurdos e as ameaças de serem mandados para o Raul Soares, um ex-navio de passageiros que estava ancorado próximo à Ilha Barnabé e serviria de presídio político, foram cumpridas.

Iradil ficou um mês e meio internado no Raul Soares. A imagem do navio e todas as conseqüências da prisão vivida por ele ficaram na cabeça de suas filhas ainda pequenas. Anos depois, uma delas, Lídia Maria de Melo, resolveu contar esta história. Corajosa, ela teve que passar por cima de barreiras emocionais e conter as lágrimas que insistiam em rolar.

O resultado poderá ser conferido na noite de autógrafos de Raul Soares, Um Navio Tatuado em Nós, que acontecerá na quarta-feira, às 20h30, no Consistório do Campus Santa Cecília, na Rua Osvaldo Cruz, 279.

O livro, um relato emocionado da história de sua família e do País, terá tiragem de dois mil exemplares, que serão distribuídos no Brasil e em Portugal. Enfim, vai-se saber mais um pouco deste período que nunca deveria ter existido, mas que jamais deve ser ignorado.

h0181c2 O navio, na época em que foi usado como prisão militar  -  (Foto publicada com a matéria)

Idéia vem desde a infância

Impossível não ficar eternamente marcada depois de tantos acontecimentos. Impossível também não ter a vida totalmente alterada depois de tudo. E assim, Lídia, que sempre gostou de literatura, começou a escrever. Perigosamente, porque na época imperava a ditadura, e a mãe, prevendo os perigos, insistia para que a filha tivesse muito, mas muito cuidado.

Isso foi em 1975, quando Lídia tinha 18 anos e fez a primeira tentativa de escrever sobre o assunto. O que saiu foi um conto no qual uma menina de seis anos observava o relacionamento de seus pais a partir de problemas políticos. Depois de pronta, ela mostrou sua obra a uma pessoa neutra, que não conhecia a história. O veredito? "O conto é irreal, porque é impossível que uma criança desta idade tenha esta compreensão da vida e possa ter estas impressões".

Só que não havia inverdade nenhuma. Quando tudo começou a acontecer Lídia tinha apenas seis anos, e aquelas eram realmente suas impressões. Mas, como os pais já estavam separados e algum tempo havia se passado, ela achou melhor enterrar a idéia. "Desse assunto não era tocado. Sempre falávamos sobre política mas não queria reabrir feridas".

Mas em 1985, quando terminava o curso de Jornalismo - já era formada em Letras -, chegava a hora de elaborar o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e Lídia pensava em fazer uma análise do livro Sangue de Coca-Cola, de Roberto Drummond, uma ficção baseada na ditadura mas que utiliza personagens reais.

Esta idéia surgiu porque em sua prateleira havia muitos livros sobre repressão, a chamada literatura de resistência, que era escrita por jornalistas e grandes nomes como Fernando Gabeira, Frei Betto, Fernando Pacheco Jordão, Roberto Drummond, entre outros. Os assuntos eram os que atingiam muita gente: anistia, abertura política, torturas, desalento, tristeza...

Em uma conversa com o orientador do trabalho, o jornalista Eron Brum, ele sugeriu que Lídia fizesse uma entrevista com seu pai e contasse a história. Pronto, era o que faltava para que viessem à tona aquele velho desejo, visto também como uma obrigação, e os bloqueios emocionais. "Eu sempre me emocionava muito quando falava disso, mas achava também que tinha uma coisa importante para contar".

Diante do xeque-mate, ela teve que conversar com o pai e qual não foi sua surpresa quando ele aceitou na hora o desafio de tocar nas feridas e falar sobre o que passou e sentiu com suas prisões e com a experiência do Raul Soares. "Aí eu concluí que os bloqueios eram meus e que não dava mais para adiar".

Gravador em punho, foram dois domingos inteiros, que resultaram em cinco fitas de pura história. Além disso, Lídia garimpou material em livros e jornais. Um mês e meio depois, o trabalho estava pronto. Apresentado em novembro de 1985, o TCC recebeu nota máxima da banca examinadora, formada pelos jornalistas Eron Brum, Lane Valiengo e José Reis Filho. Mas a publicação ainda iria esperar dez anos.

"Eu nunca procurei editora. O trabalho foi para a gaveta. Depois de um tempo, para complementar, fiz uma pesquisa de fotos e documentos, tem muitos editais que foram publicados na época".

Há três anos veio a proposta da Universidade Santa Cecília dos Bandeirantes - Campus Santa Cecília (Uniceb) para uma co-edição com a Editora Pioneira, de São Paulo. "Eu comecei a dar aulas na universidade e a diretora-superintendente do campus, Sílvia Ângela Teixeira Penteado, fez o convite". Pronto, o grito há tanto tempo entalado na garganta seria finalmente ouvido por muita gente. A missão estava cumprida.

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Sindicalista Iradil Santos Mello
(Foto de Luigi Bongiovanni, publicada com a matéria)

Iradil, o sofrimento por ser sindicalista

 

O único crime cometido por Iradil Santos Mello foi ser conscientizado, politicado e sindicalista em uma época em que, segundo padrões estabelecidos por eles, isso era proibido. Este sergipano que gostava de violão, cavaquinho e às vezes dava uma de repentista não poderia imaginar que lutar por seus direitos e por um País melhor poderia lhe sair muito caro.

Trabalhador da Companhia Docas de Santos, era atuante nas assembléias do Sindicato dos Operários Portuários e achava que, se participasse da diretoria, poderia fazer mais pela categoria. Mas o que recebeu foi uma centena de interrogatórios, tratamento como se fosse marginal, hostilidade e, finalmente, duas prisões, uma no Palácio da Polícia e a outra no navio Raul Soares.

Diretores de seu sindicato foram presos por 200 policiais armados e Iradil era um deles. Depois de ter seus direitos aviltados, foi anistiado em 1979 mas nem de longe teve seus problemas resolvidos. Mesmo com direito a voltar ao trabalho, a Cia. Docas não quis aceitá-lo, e ele foi aposentado compulsoriamente.

Indignado, entrou na Justiça para reivindicar a volta ao emprego e ganhou a causa. De volta, e por cima, ficou nas Docas até 1991, quando, para evitar a demissão de cinco mil funcionários, a empresa elaborou a demissão incentivada. Para garantir o emprego de amigos, já que era aposentado, Iradil se afastou e, atualmente, reside em Guarujá.

h0181b2 A autora, Lídia Maria de Melo
(Foto de Irandy Ribas, publicada com a matéria)

Lídia, jornalista e professora

E depois de tudo pronto, como é que a Lídia se sente? "Eu tinha necessidade, como filha, jornalista, cidadã santista e brasileira, de relatar esses fatos, porque muita gente viveu isso em Santos e foi um problema para diversas famílias. Até hoje ninguém escreveu, ou porque não venceu os bloqueios emocionais ou porque não tinha preparo. Como tive condições, embora tenha sido um parto difícil, me vi na obrigação de escrever, principalmente porque a nova geração desconhece tudo o que ocorreu. A missão está cumprida".

Agora, ela espera que a obra seja bem utilizada pelos estudantes, pelos professores de História - "que têm a responsabilidade de formar" -, por jornalistas e por todas as pessoas que tenham interesse em saber mais sobre a história de sua Cidade e seu País. "Mas não espero que elas tenham sentimento de revolta ou vingança, e sim, de resgatar e reavivar nossa memória, para evitar que coisas assim voltem a acontecer".

O que a escritora quer é que seu filho se espalhe e a história seja difundida. "Agora, ele não é mais meu". Citando o escritor argentino Ernesto Sábato, Lídia afirma que "não há ditaduras más e outras benéficas. Todas elas são igualmente abomináveis".

E os planos? Nesta linha ela não tem intenção de escrever mais nada. Já cumpriu sua missão. Mas tem engatilhado, além de um romance (ficção), material para formar um livro de poesia. Também faz parte dos planos escrever um livro na área de saúde, mas mostrando o lado do paciente.

Quem é - Lídia Maria de Melo é santista e nasceu em 28 de setembro de 1957. Licenciada em Letras pela Faculdade Don Domênico, de Guarujá, pela turma de 1978, é também bacharel em Comunicação Social, pela Universidade Católica de Santos (turma de 1985). Ela começou a exercer o jornalismo em janeiro de 1986, no jornal Cidade de Santos. Desde 1988 trabalha em A Tribuna, onde exerce o cargo de subeditora da Editoria Local. Também colabora com reportagens para a revista Nova Escola, do Grupo Abril.

De 1976 a 1994 atuou no magistério como professora efetiva concursada do Estado de São Paulo, ministrando aulas de Português e Literatura Brasileira. Inconformada por natureza, pediu exoneração do cargo por estar decepcionada com a política educacional da rede pública. Hoje, leciona Português no curso de Jornalismo da Uniceb, mas já foi professora da Universidade Católica de Santos, dando aulas de Redação Jornalística na Faculdade de Comunicação Social.

Lídia, que também faz composições musicais, já publicou poemas em antologias editadas pela Shogun Arte Editora. É detentora de prêmios literários, como o Ruy Ribeiro Couto, da Academia Santista Juvenil de Letras, onde já ocupou a cadeira Luso Ventura.

Raul Soares, Um Navio Tatuado em Nós é seu primeiro livro solo, que já teve trechos publicados em A Tribuna, na editoria de Porto & Mar. Aliás, foi desta publicação que Lídia extraiu o título da obra, que inicialmente estava batizada de Para Não Ser Pego de Surpresa. Por esta matéria, ela recebeu uma homenagem da Câmara Municipal de Santos.

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Capa do livro de Lídia Maria de Melo

(Reprodução publicada com a matéria)

Obra se divide em duas partes

A escritora dividiu o livro em duas partes. A primeira vai de 1963 a 1985, e a segunda é o que foi extraído das entrevistas com seu pai. O começo, que é a história contada sob o ponto de vista de Lídia, é narrado em primeira pessoa, e ela mostra como era a vida da família antes do terror instituído pelo golpe militar.

O pai tinha uma vida muito ativa, sendo candidato a vereador em Guarujá e um dos integrantes de uma das chapas que disputava a diretoria do Sindicato dos Operários dos Serviços Portuários de Santos, Guarujá, São Vicente e Cubatão.

Na época, Laura, a irmã mais velha, tinha sete anos; Lídia, seis, e a mãe, Mercedes Gomes de Sá, estava grávida de Lúcia. A infância também é muito lembrada, com a entrada para a escola e, em seguida, o golpe militar e a quebra do clima de tranqüilidade. A partir daí, o livro mostra as prisões do pai, as impressões de Lídia à visita ao Raul Soares, as dificuldades do pai para arranjar emprego, os processos, a postura da família e todos os problemas sofridos.

"Na escola, o dia 31 de março era comemorado como uma data importante, mas para nós era diferente. Tínhamos uma visão muito diferente daquilo". Mas Lídia não se limita à vida familiar. Ela insere informações políticas e sociais da Cidade e do País, como os festivais de 1967, as mudanças na legislação, os Atos Institucionais, o movimento estudantil, as torturas, entre outros.

Entrevistas - A segunda parte foi escrita baseada na entrevista com o pai e traça a história a partir do que ele contou. Daí surgem dados sobre sua entrada no sindicalismo, movimentos importantes dos trabalhadores em Santos e em outras cidades, os bastidores da prisão no Raul Soares, o que os presos faziam para passar o tempo, ocioso e repleto de medos e sobressaltos. Inclusive, as músicas que eles compunham ironizando a própria situação:

Somos presos do Raul Soares
detidos para investigação
e acusados de subversão,
mas o negócio não é esse não.
Nos sindicatos há intervenção,
nossos direitos rolaram no chão.
Temos Muniz, Cabeças e Cipriano
mancomunados com o capitão.
Mas nós aqui
já aprendemos essa lição
não cola não
não cola não.
Esse negócio de artigo
é papelão,
é papelão do capitão.
Agora só nos resta esperar
que esta comédia
venha se acabar.

Lídia também cita o caso do jornalista falecido Nélson Gatto, que chegou a escrever um livro sobre o navio, que foi destruído e nunca mais reeditado. Dá ainda detalhes dos processos sofridos pelo pai e da anistia, que nasceu em 1979.

Tudo isso é entremeado de muita poesia (escrita pela própria Lídia), letras de músicas, frases, fotos tiradas do álbum de família e documentos. A apresentação é de Eron Brum, para quem "Lídia revela o pai como um ser comum envolvido numa luta trágica: o sindicalista que ousa enfrentar as garras da ditadura. E ela o faz com poesia, para o desespero daqueles que estiveram do outro lado da história. Rara alquimia que faz ver o trágico com os olhos da ternura".

Do reencontro com o pai e da descoberta de muitas coisas nasceu este poema, intitulado O Sentimento, que Lídia dedicou a ele e à liberdade:

Hoje tenho motivos
para um sorriso vingado
Te encontrei sobrevivo, resgatado, 
Ainda percebo vestígios
dos dribles dos últimos anos.
Mas tua cara anda boa
solicitando um brinde.
Como não bebo
ergo a mão
em sinal de prazer.
De total excitação.
De sangue sobrecarregado
de adrenalina...
Ergo a mão
e arrisco uma gargalhada.
Sabia que um dia
ainda riríamos de muitos deles.
Sabia!
Até parece piada.
Te arrebentaram...
Te matar não conseguiram.

SERVIÇO - Raul Soares, Um Navio Tatuado em Nós tem 122 páginas e capa criada pela Letra Nova Publicidade. A revisão e atualização ficaram a cargo de Lídia Maria de Melo. Fotos de Luigi Bongiovanni e Irandy Ribas.

Fonte:

http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0181.htm em 06/16/03 19:43:24

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Historias da Ditadura Militar de 1964 (02)

 

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Capa do livro de Nelson Gatto    -    (Foto publicada com a matéria)

 

O jornalista foi calado

 

"O depoimento que ora torno público, escrito em papel de embrulho num cárcere imundo de um dos sombrios navios-prisão em que brasileiros foram trancados, tratados como criminosos, é a explicação que dou aos meus amigos. Sem qualquer pretensão literária, é apenas um documento a retratar o Brasil numa época desgraçada."

Assim começa o livro Navio Presídio que poucos leram, ao contrário do que seu autor, o jornalista Nélson Gatto, pretendia. Escrito em 65, foi apreendido pelo Dops (N.E.: Delegacia de Ordem Política e Social) sem chegar às livrarias. A Justiça Civil mandou devolver o livro que, em seguida, foi apreendido pela Aeronáutica. No Superior Tribunal Militar, mais uma vez - e desta por 10 a 0 - veio ordem para que fosse liberado, pois o relator, general Mourão Filho, nada viu de pernicioso em seu texto. Mas o então coronel da Aeronáutica, Francisco Renato de Melo, não obedeceu à ordem: invadiu a gráfica, apreendeu toda a edição e lançou-a ao mar. Somente um exemplar escapou.

Depois o coronel justificaria ao autor: "Os juízes têm canetas, nós temos metralhadoras". Gatto, que havia passado 43 dias no navio-presídio, voltou a ser preso em 67, para responder sobre o livro, conforme prometera o então capitão dos portos, Júlio de Sá Bierrembach. Em 1968, novamente preso:

- Era véspera de 1º de maio - conta o jornalista - e corriam boatos de que haveria manifestações. Então fui encarcerado pelo II Exército. Durante o discurso, o governador Abreu Sodré foi apedrejado em praça pública e o Serviço Secreto da Aeronáutica me identificou como o líder do apedrejamento, o que A Gazeta noticiou em manchete. E eu na cadeia o tempo todo. Foi uma desmoralização geral.

- Em 1970 fui acusado de ter articulado, ou participado, ou sei lá o que imaginaram, no seqüestro do cônsul japonês. Aí fui para a Operação Bandeirantes, na rua Tutóia (N.E.:Oban, órgão da repressão nessa rua da capital paulista), onde passei onze dias. O que aconteceu ali faz o episódio do Raul Soares parecer um passeio. Numa ocasião me deixaram horas na beira da represa Billings, totalmente nu e com uma pedra amarrada no pescoço. Depois me levaram para um matagal e mandaram que eu corresse. Fiquei parado como uma estátua apesar dos tiros que dispararam próximos a meu corpo, e isso, sem dúvida, me salvou a vida.

- Queriam que eu confessasse que estava envolvido no seqïestro, o que era um absurdo total. Me colocaram dois dias numa pequena cela, totalmente escura, com um rato enorme e faminto. Se eu me sentava, o rato atacava e mordia. E naquela escuridão eu não conseguia matá-lo. Fiquei o tempo todo em pé, procurando chutá-lo. Além disso, tomei choques e fui espancado. Vi numa cela coletiva um grã-fino de São Paulo, Paulo Henrique Sawaia, tentar achacar o Tomas Farcas, dono da Fotótica, que também estava preso. Ele disse a Farcas que tudo se resolveria se desse dinheiro para a repressão política. Ele recusou e, nos dias seguintes, prenderam-lhe um filho e a filha.

- Fiquei 343 dias preso como suspeito e quando seqüestraram o cônsul suíço no Rio, fui incluído na lista. Enviaram-me para o Rio, mas me recusei a deixar o país. Aí, tentaram me usar para fazer propaganda e fizeram com que gravasse um depoimento para a televisão, de 40 minutos, nos quais não fiz um elogio sequer à revolução. O depoimento acabou saindo todo cortado, reduzido a oito minutos, porcamente montado. Queriam que eu condenasse o seqüestro e afirmasse que estava sendo bem tratado. O que falei foram das torturas, o que não servia a seus propósitos.

- Foi tudo coisa de um promotor da Justiça Militar, Durval Aírton de Moura Araújo, que queria me pegar de qualquer maneira. Era tão desequilibrado que atualmente é procurador, de modo que não participe de mais nada. Ele chegou a me acusar de distribuir armas a manifestantes em Santo André, no dia da morte do Assis Chateaubriand (N.E.: fundador do grupo jornalístico Diários Associados). Acontece que durante a manifestação eu estava ao lado do delegado Alcides Cingilo, do Dops. Assim mesmo, a denúncia daquele desequilibrado foi publicada em página inteira do Estadão.

Nelson Gatto era jornalista dos Diários Associados e, antes da revolução, foi transformado em chefe do Departamento de Repressão ao Contrabando em S.P., posição a que foi chamado pelo II Exército, pela experiência demonstrada nas grandes reportagens que fez denunciando gangs contrabandistas, "os bandidos de casaca", como costuma dizer. Quando foi dado o golpe militar, conseguiu fugir disfarçado de padre, e se entregou posteriormente. Como jornalista, foi correspondente de guerra durante a invasão de Goa, na guerra do Congo, e na luta de libertação da Argélia, sobre os quais também escreveu livros. Hoje, anistiado, pretende voltar ao jornalismo, do qual foi afastado por ordem militar.

O repórter escreverá novamente.

Fonte:

http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0181.htm em 06/16/03 19:43:24

domingo, 15 de maio de 2011

Histórias da Ditadura Militar de 1964 (01)

 

HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS


O navio-prisão (1)

Uma das páginas negras da história santista

O nome Raul Soares não causa boas recordações entre os santistas, especialmente os que ainda recordam os episódios relativos ao regime militar instaurado no país em 1964. As histórias passadas a bordo do navio batizado com esse nome já se transformaram em pelo menos dois livros editados na Baixada Santista. Entre outras matérias na imprensa, destaca-se esta, publicada na edição número 2 do jornal Preto no Branco, da Cooperativa dos Jornalistas de Santos Ltda. (Jornacoop), em setembro de 1979:

h0181b"Arrancamos das entranhas do navio maldito as histórias proibidas dos sombrios cárceres, dos calabouços de tortura de presos políticos em 64"
(Reprodução da capa desse mensário publicado em setembro de 1979)

Nau insensata

Texto de Carlos Mauri Alexandrino
Fotos do navio cedidas pelo Museu Naval de São Vicente

Os velhos ferros rangiam com as oscilações noturnas das marés, estalavam com os leves balanços que o banco de areia onde fora encalhado o navio ainda permitia. Som monótono  quebrado pelas tosses doentias dos que já escarravam sangue, que tossiam para fora os pulmões corroídos pela umidade e pelo frio. Era o único ruído que se permitia atravessar as portas trancadas e vencer os sombrios corredores. Já o fedor de mijo e de merda não esperava ordem para invadir tudo, fazendo arder o ar nas narinas e gargantas.

Os que mesmo sem cobertas conseguiam dormir sobre imundos colchões úmidos, vencidos pelo cansaço, eram despertados muitas vezes pelo exército de pulgas, baratas e percevejos que insistiam em entrar nos narizes, bocas e orelhas adormecidas. Na maioria das celas, entretanto, enfrentar o colchão era menos desconfortável que ficar em pé, com água gelada pelo tornozelo.

De repente, uma patrulha abria a porta e lançava para dentro a luz de uma lanterna elétrica, sempre secundada pelos canos ameaçadores das metralhadoras portáteis. Os homens da Polícia Marítima entravam levantando os prisioneiros e revistando tudo, como se fosse possível esconder alguma coisa. Os escritos eram apreendidos para ser anexados aos processos ou então para abertura de novos inquéritos: uma poesia podia significar mais algumas semanas no imundo navio-prisão.

Às seis horas soava a sirena, a ordem para que todos se levantassem. Em pouco tempo era servido o café e um pedaço de pão. Eram colocados fora das celas que eram abertas o tempo suficiente para que o preso apanhasse a caneca, sob a mira das metralhadoras, para que não conversasse ou lançasse qualquer olhar sobre o vizinho de infortúnio. Às onze horas, era servido o almoço, no convés, para onde os presos eram encaminhados em fila indiana, sob mira das armas também.

A comida era uma pasta intragável de arroz e feijão-preto estragados.

Cada um pegava sua bandeja que era enchida com uma pasta de arroz e feijão-preto, na maioria das vezes, azeda e malcheirosa, que provocava diarréias incontroláveis e dores de estômago. Não havia talheres para todos e por isso eram obrigados a comer com as mãos.

Alguns se recusavam a esse tratamento, exigindo o tratamento digno de um preso político: esses simplesmente não comiam mais, contentando-se com a banana ou a laranja servida como sobremesa. O jantar era uma sopa intragável feita com os restos do almoço, servida lá pelas 16,30 horas.

As saídas das celas eram limitadas a uma ida diária ao banheiro e aos chamados arejamentos que não eram diários e, preferencialmente, nos dias chuvosos e frios, quando os presos eram colocados no convés para caminhar ou fazer exercícios forçados incompatíveis com suas condições físicas. Muitos presos, em cinqüenta dias de prisão, não chegaram a sair para arejamento dez vezes, meia hora em cada uma. Nada de conversa: era proibido.

Não havia médico a bordo - a não ser alguns encarcerados que não podiam atender ninguém - e os poucos medicamentos foram distribuídos por um enfermeiro da Marinha que insistia em ser chamado de doutor e que reagia com violência se as crises eram noturnas, despertando-o do sono. O que mais fazia esse "doutor" era dizer que não entendia daquela determinada doença e, quando estava de bom humor, deixava algumas aspirinas aos sofredores.

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O navio, na época em que foi usado como prisão militar
(Foto publicada com a matéria)

O Raul Soares já era um velho de 64 anos ao chegar a Santos, em 24 de abril de 1964, para começar a receber os presos políticos seis dias depois. Havia sido um vigoroso transatlântico alemão antes de ser adquirido pelo Lloyd Brasileiro, em 1925. Serviu de prisão da rebelião comunista em 1935 e na revolta dos sargentos em Brasília. Sua última missão foi ainda de encarcerar brasileiros, fundeado em Santos. Os episódios que virão a seguir mostram, por si, o que foi o negro período:

El Moroco - Os calabouços do navio eram três, batizados, ironicamente, com nomes de inferninhos famosos da época. El Moroco era um salão totalmente metálico, ao lado da caldeira, sem nenhuma ventilação, onde a temperatura passava dos 50 graus, sem nenhuma iluminação. Ainda assim era o melhor. O Night and Day era uma pequena sala onde o preso ficava com água gelada pelo joelho. O Casablanca era onde eram despejadas as fezes dos presos. Eram usados para quebrar a resistência - ou o que tachavam de impertinência - dos presos políticos. A maioria passou por essas salas. Foi onde Manoel de Almeida, ex-líder operário, contraiu a doença que o matou dois meses atrás. Waldemar Guerra, o que mais resistiu, ficou 16 dias num deles, sem comer.

Os calabouços eram os cubículos onde se jogavam as fezes dos presos políticos.

Libertados-presos - O Juiz da 2ª Vara Criminal de Santos, Antônio Ferreira Granda, concedeu habeas-corpus para 16 presos que deixaram o navio por volta das 21 horas de um determinado dia. Foram colocados na sala do então capitão dos Portos, Júlio de Sá Bierrenbach, de quem ouviram a pergunta se alguém tinha queixas contra o tratamento recebido.

Não houve nenhuma resposta, pois a vontade de ir para casa era muito grande. O capitão chamou a imprensa, mandou que os fotografassem e saíssem. Em seguida tornou para os presos: "Quero comunicar que vocês estão soltos e que agora, que estão em liberdade, estou dando nova voz de prisão, pois se saíram do processo da Aeronáutica, ainda não enfrentaram o da Marinha. Estou abrindo novo inquérito". E deu ordem para que os soldados os conduzissem de volta ao navio. Muitos choraram de tristeza e ódio.

O pequeno japonês era fechado na geladeira todas as sextas-feiras.

Operação resfriamento - Os presos do Exército, sob ordens do tenente-coronel Sebastião Alvim, eram submetidos a longos períodos de permanência dentro de uma geladeira. O nipônico Tomochi Sumida, absolutamente enfraquecido pelos maus tratos, era internado na geladeira todas as sextas-feiras: de duas em duas horas soldados armados de metralhadoras abriam a porta para que entrasse ar e voltavam a fechá-la.

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Grupo de prisioneiros no Raul Soares
Foto publicada com a matéria

Sem banheiro - A conversa entre os prisioneiros era proibida e nas poucas vezes em que foi possível a montagem de um sistema qualquer de comunicação, sua descoberta foi punida com a proibição dos arejamentos e das idas ao imundo banheiro coletivo, sendo obrigados os presos a fazer suas necessidades no chão da própria cela.

Jornalistas sabujos - Certa vez foram levados a bordo dois jornalistas de Santos, com a missão de descreverem em A Gazeta as "ótimas condições carcerárias". Ambos procuraram elogiar os militares durante a visita e no jornal do dia seguinte estava anotada a única queixa: faltavam facas para cortar os bifes. Ambos ainda estão na ativa.

Propostas - O capitão Francisco Renato de Melo, da Aeronáutica, prendia sargentos e posteriormente fazia propostas desonestas às suas esposas. Assim aconteceu com o sargento Nilton Alencar, o suboficial Aving e muitos outros militares presos.

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A embarcação "maldita"
(Foto publicada com a matéria)

Roubar bananas - Os descuidados caiçaras que passavam com suas canoas perto do navio eram presos e submetidos a interrogatórios que nunca provaram coisa alguma contra ninguém. Enquanto eram interrogados, suas cargas, geralmente bananas ou peixes, eram subtraídas pelos soldados.

Baratas, pulgas e percevejos infestavam as celas imundas e úmidas.

Desconfiança total - Quando a Marinha descobriu que os policiais marítimos haviam dado algumas facilidades aos prisioneiros por dinheiro e que haviam feito algumas fotos a bordo, os fuzileiros navais foram proibidos de conversar com os membros da outra força. Foram armadas metralhadoras potentes em pontos estratégicos: a Polícia Marítima vigiava os presos e a Marinha vigiava a Marítima.

Se vinha ordem de soltura, os presos eram indiciados em novos inquéritos.

Sem Lei - Os habeas corpus jamais foram respeitados e mesmo as ordens de soltura não eram atendidas. Todos os militares comentavam abertamente - e especialmente o tenente da Polícia Marítima, Ariovaldo Pereira dos Santos, o mais violento dos carcereiros -, que qualquer ordem de soltura seria contornada com a abertura de novo inquérito. Assim ocorreu com grande número de presos, entre eles Sérgio Martins, Argeu Anacleto da Silva, José Ribeiro, Neves Guerra, Nelson Frutuoso Amado.

Fonte:

http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0181.htm em 06/16/03 19:43:24

A proposito das recentes exonerações na Prefeitura Municipal de Pirajuí…


Recentemente, acompanhamos pelo órgão oficial da administração municipal, Jornal A Gazeta de Pirajuí, as publicações das exonerações feitas pelo Prefeito Jardel dos cargos em comissão da Diretora Municipal de Ensino,Recreação e Cultura,  Elenita Conceição Monticelli Prado, do Diretor Administrativo,  Robélio Santini, e do Diretor Executivo da Fundação Educacional “29 de Março” de Pirajuí e ainda revogou o Decreto num. 2260 de 21/06/2010 que atribuiu a função de Diretora da Divisão de Saúde do município, para a Vice-Prefeita, Juliana Nagano Rebolo dos Reis.
Com relação a estas exonerações ocorridas agora, após decorridos quase três anos da administração Jardel/Juliana, perguntamos qual seria a relação delas com o pagamento do advogado que defendeu a administração anterior Neguito e Jardel contra um processo movido pelo então candidato de oposição Gilmar Segato Martinez, processo este que  imputava aos dois primeiros, um crime eleitoral cometido durante aquela campanha dos mesmos,  que ficou conhecido como o caso do telefone “fale com o prefeito” ou  "linha direta com o prefeito" e que foi ganho em primeira instancia pelo candidato de oposição e que, em seguida, perdeu em segunda instância com a ajuda e com a contratação de um advogado da capital que recebeu seus honorários a vista?
Já com relação a exoneração da Diretora Elenita, consta que a mesma foi comunicada do fato por uma pessoa que  perdeu o cargo em comissão que ocupava na administração municipal meses atrás, por uma decisão judicial que o afastou por um tempo determinado de qualquer cargo do serviço público.
Desta forma, portanto,  fica aqui um sugestão ao nobres vereadores deste município para que prestem assim uma justa homenagem a este cidadão altruísta, pois o mesmo continua prestando diversos serviços ao prefeito e a sua administração como todos nós podemos presenciar em várias ocasiões, inclusive entregando pessoalmente carnês de IPTU, entre outras,  o que  assim  deduzimos que ele  o faz, portanto, de uma forma voluntária e sem nenhuma remuneração. A ele então,  os nossos parabéns por tamanho desprendimento!
Para encerrar, passo a palavra aos exonerados e também aos nosso nobres vereadores!

Infelizmente, Pirajuí em evidência na BAND.

 

 

Veja

 

 

Vejam só até onde vamos parar com esta administração que não consegue ou não quer mesmo enxergar sua incompetência em administrar o dinheiro público. Tudo esta virando um verdadeiro caos e o que vemos é um grande descaso com o dinheiro suado do contribuinte. E em certo ponto, a população pode até ter um pouco de culpa nesta questão de como tratar o lixo gerado, mas quem tem mesmo o dever de dar o exemplo é o prefeito e a sua politica administrativa. Alegar que a prefeitura não tem condições de fiscalizar e de fazer cumprir a legislação é, no mínimo, prova cabal de uma administração fraca e omissa mesmo!

Quando vemos o dito cujo discursar, e dizer que  a cidade esta na maior das maravilhas e tudo esta sendo feito como deve, constatamos que não é bem assim não pois o que vemos é:

  • ruas esburacadas e se acabando com o tempo recheadas de entulhos e lixos por vários dias e, em alguns casos, por até um mês quando agentes de saúde fiscalizam os quintais dos munícipes  para coibir amontoados de lixo e matos que encontramos nas vias públicas;

  • unidades habitacionais que nunca são entregues por não terem condições de uso, apesar de terem suas entregas marcadas por mais de uma vez! Isto tudo também sob o manto da conivência da Gerência Regional da CDHU em Bauru;
  • as estradas municipais sem nenhum tipo de conservação e quando elas existem, somente é em alguns lugares que privilegiam somente alguns;
  • obras que só existem no imaginário do Prefeito tal como o Parque do Povo que de parque não tem nada, mas sim somente um grande aterro nada legal e até agora pouco explicado na ótica da questão ambiental já que como a própria placa diz: “É proibido jogar entulhos” e “Área em recuperação Ambiental” e ai eu pergunto: afinal de contas:  quem é que esta mesmo que estava jogando entulhos naquele local e a quem é proibido de jogar entulhos lá hoje,  pois o aterro avança dia a dia sobre a nascente existente lá?

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  • E um sistema de Coleta Seletiva que não saiu de um pequeno panfleto e uma maquina de moer vidros que seria usada para reciclar garrafas vazias e que, até hoje, ninguém viu funcionar;
  • E a cooperativa de catadores de lixo reciclável que estava sendo organizada e sem mais nem menos, desapareceu da pauta desta administração?
  • industrias que ninguém realmente sabe o que elas produzem e quantos funcionários elas empregam  e como exemplo disto é a falada “fábrica de brinquedos”, entre outras tantas “lorotas”.
  • E interessante ainda notar que a cidade hoje virou a cidade dos “cones alaranjados” pois quando há algum reparo a ser feito nas vias públicas, a administração se limita a colocar um destes cones de plásticos, de vários tipos e formatos, e que, sem mais ou menos, “invadiram” nosso município não sei para sinalizar  o buraco a ser reparado ou a inércia administrativa da atual gestão. E, aqui acho que vale a pena perguntar: qual a origem desses cones em nosso almoxarifado, pois já que eles proliferam em grande quantidade pelas  vias públicas que com certeza devem ter sido licitados. Desta forma aqui deixo, com a palavra, a nossa Câmara Municipal a respeito deste assunto.

 

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E para finalizar quero dizer francamente que, Pirajuí,  pela sua história  e trajetória política,  não merecia estar passando por isto tudo não!

sábado, 14 de maio de 2011

Moradores reclamam de entulho e lixo depositados em Pirajuí

 

O acúmulo de lixo e entulho em um terreno localizado na rua Paraná, na vila Ortiz, em Pirajuí, vem gerando reclamações de moradores do bairro. Nas últimas semanas, até animais doentes e pneus velhos foram abandonados no local. A população teme que o ambiente favoreça a proliferação de doenças. Já a prefeitura informou que o terreno é particular e que está tentando identificar o proprietário para notificá-lo.
As fotos enviadas à redação do Jornal da Cidade mostram que o local, que fica a cerca de 20 metros das residências, na região chamada “Tira-terra”, transformou-se num verdadeiro “lixão” a céu aberto.
Grande parte do problema, porém, é causada pela falta de conscientização dos próprios moradores, que depositam dejetos no local apesar da coleta de lixo feita periodicamente pelo município.
O caso já chegou ao conhecimento do Ministério Público (MP) local. Conforme apurado pela reportagem, no último dia 29, o promotor de Justiça Roberto de Almeida Salles realizou uma visita ao local.
No mesmo dia, no período da tarde, uma equipe da prefeitura esteve no terreno para recolher os pneus que haviam sido depositados irregularmente no local.
Segundo relatos de moradores, eles estavam acumulando água parada, ambiente propício para procriação do mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus causador da dengue.
Procurado pela reportagem, o promotor informou que, após receber a denúncia, solicitou à delegacia da cidade a instauração de inquérito policial para apurar eventual crime de dano ambiental.
Salles ressaltou que o terreno é particular e que oficiou a prefeitura para que providencie a limpeza da área e a colocação de placas no local informando à população sobre a proibição de depósito de lixo e entulho.
Falta de conscientização
O prefeito Jardel de Araujo (DEM) alega que não possui equipes suficientes para fiscalizar todos os locais transformados em lixão pela população. “Para recolher entulho na cidade, nos pontos onde eles jogam, a gente tem que parar maquinários, às vezes alugar máquina e a gente não consegue fazer isso”, diz.
Segundo ele, apesar das dificuldades, a prefeitura realiza a limpeza das áreas onde há acúmulo de lixo. “O município recebeu a visita da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cesteb) nessa área e, constantemente, a prefeitura faz a limpeza dela. Mas não é só ali”, denuncia. “Tem vários pontos onde, infelizmente, até pela cultura, o pessoal joga lixo. Não tem como você fiscalizar tudo”.
O prefeito ressalta que, por orientação da agência ambiental, está tentando identificar e notificar o dono do terreno para que ele providencie a instalação de cercas no terreno. “Essa área não pertence à prefeitura. A gente está levantando de quem é”, revela.
Ele destaca que a cultura da população também precisa mudar para que aqueles que jogam lixo em locais indevidos sejam denunciados. “A gente sabe que tem morador que vê quem joga, conhece quem joga, e não chama a polícia na hora em que vê jogando para que ela possa estar autuando a pessoa”, afirma.
De acordo com o chefe do Executivo, o município procura dar um destino correto ao lixo que produz. “A prefeitura tem coleta de lixo, os pneus são recolhidos ao setor de garagem, em todas as borracharias”, diz. No caso dos pneus, ele explica que o setor responsável é a Vigilância Sanitária.
Ele confirma o relato dos moradores da vila Ortiz de que os pneus foram recolhidos do terreno no dia 29 de abril. “No momento em que chegou a informação na Vigilância, o setor que recolhe pneu no caso em específico, eles foram recolhidos”, declara.
Denúncias sobre o despejo irregular de lixo e entulho em Pirajuí podem ser feitas diretamente ao setor de Vigilância Sanitária da cidade pelo telefone (14) 3572-1030.

Fonte: Lilian Grasiela - www.jcnet.com.br
Extraído do blog O Biroska de Pirajuí