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quinta-feira, 26 de maio de 2011

A dancinha do “toma lá, dá cá.” ou “nunca diga que desta água não beberei jamais”

 

Lula relata a Palocci insatisfação de aliados

 

BRASÍLIA - Preocupado com as insatisfações e ameaças da base governista no Congresso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu nesta quarta-feira, 25, a senha da operação destinada a abafar a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o patrimônio do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci. Em conversa reservada com Palocci, na terça-feira, 24, Lula foi taxativo: avisou que ou o ministro atendia os parlamentares ou até aliados poderiam endossar uma CPI no Senado, encurralando o Planalto.

O ex-presidente relatou o diálogo que teve com Palocci durante café da manhã com dez líderes de partidos aliados do governo, nesta quarta, na casa do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). 'Você tome cuidado porque sua situação no Congresso não é boa. Todo mundo está insatisfeito com sua conduta', disse Lula a Palocci, de acordo com relatos de senadores.

Na tentativa de evitar a CPI, Palocci passou a telefonar para os senadores e pedir apoio. Disse estar sendo vítima de uma 'campanha de difamação' e se prontificou a marcar conversas privadas com os parlamentares, para esclarecer as denúncias que pesam contra ele.

Lula jantou com a presidente Dilma Rousseff, Palocci, Gilberto Carvalho (ministro da Secretaria-Geral da Presidência), Miriam Belchior (Planejamento) e com seu assessor Luiz Dulci, na terça-feira, no Palácio da Alvorada. Cobrou de Dilma e Palocci mudanças urgentes na articulação política do governo, disse que era preciso atender os aliados na montagem do segundo escalão e acenou com um cenário nada animador. Para Lula, se o governo não agir rápido para conter os dissidentes da base aliada e estancar a crise, a CPI no Senado pode sair.

Queixas. Na manhã de terça-feira, um dia depois de almoçar com senadores do PT, o ex-presidente ouviu mais queixas dos líderes da base aliada - do PMDB ao PTB, passando pelo PR e PP- e assumiu as rédeas da coordenação política do governo. Em tom de apelo, Lula pediu um 'voto de confiança' em Palocci e, mais uma vez, tentou contornar a crise política, sob o argumento de que o alvo da oposição é o governo Dilma.

'Palocci é o homem que prestou muitos serviços ao nosso governo e não podemos desampará-lo', disse o ex-presidente. Enquanto o café era servido, com pastel de queijo e bolo de aipim, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) 'monitorava' o andamento das comissões no Senado, pelo celular, na tentativa de barrar qualquer pedido de convocação de Palocci.

Seguindo os conselhos de Lula, o ministro da Casa Civil também passou a telefonar para os senadores. Acusado de aumentar seu patrimônio em 20 vezes nos últimos quatro anos e de fazer tráfico de influência por meio da empresa de consultoria Projeto, Palocci intensificou a ofensiva para impedir a CPI.

O senador Magno Malta (PR-ES) foi um dos procurados, mas não atendeu o telefonema de Palocci. 'Quando a crise pega, esse pessoal do governo fica humildezinho, mas comigo não. Palocci precisa aprender com esse episódio. A arrogância precede a ruína', disse Malta.

Sinal amarelo. Palocci também ligou para o senador Eduardo Braga (PMDB-AM), em busca de apoio para conter a ala descontente do PMDB. Quem avisou o Palácio do Planalto de que o sinal amarelo já estava aceso no PMDB foi o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). O petista advertiu que Sarney e o líder peemedebista Renan Calheiros (AL) não têm o controle da bancada por conta de um movimento de descontentes que, nas contas do PT, soma 9 dos 18 senadores do partido.

'Lula tem razão: se esse grupo não for bem articulado, a CPI pode sair no Senado', aconselhou Lindberg. Palocci agiu rápido. Começou por um dos mais influentes senadores do chamado 'PMDB contrariado', aproveitando-se da boa relação construída nos tempos em que Braga era governador do Amazonas.

O discurso de Palocci está centrado no prazo de 15 dias que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, concedeu a ele para dar as informações necessárias ao esclarecimento do caso.

Irritado com a falta de interlocução com o governo, o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) lembrou que há dois meses vem pedindo uma audiência com o chefe da Casa Civil, sem nunca ter obtido nenhuma resposta. 'Temos sido ignorados. Estamos no limite da insignificância', queixou-se ontem o capixaba, que engrossa a lista dos insatisfeitos.

Fonte:

Por Vera Rosa e Christiane Samarco, de O Estado de S. Paulo, estadão.com.br, Atualizado: 25/5/2011 21:08

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