José Roberto Arantes de Almeida, nasceu em Pirajuí, estado de São Paulo, em 7 de fevereiro de 1943, filho de José Arantes de Almeida e Aída Martoni de Almeida. Criança ainda, em 1956, sua família mudou-se para Araraquara. Participou dos escoteiros, tocou piano, praticou natação e polo aquático, colecionou medalhas. Em 1958 foi porta bandeira de um desfile patrocinado pelo Clube Pan-Americano de Araraquara carregando o pavilhão nacional de Cuba. Isto parece ter sido uma premonição, pois nem Cuba e nem o nosso José Arantes eram socialistas ainda. Seu pai trouxe a família para Araraquara para assumir seu cargo de professor da Faculdade de Farmácia e Odontologia, na disciplina Botânica Aplicada à Farmácia. Estudou no IEBA e junto com seu colega Salinas foi aprovado, em 1961, no vestibular para engenharia no ITA - Instituto Tecnológico da Aeronáutica. Em 1964, em virtude das suas atividades políticas, nesta ocasião já militante comunista, foi expulso do ITA e levado preso para a Base Aérea do Guarujá, onde aí ficou preso no navio prisão, o Raul Soares, onde foi torturado. Libertado, retomou seus estudos na Faculdade de Filosofia da USP, localizada na famosa Rua Maria Antonia, onde iniciou o curso de Física. Em 1966 foi eleito presidente do Grêmio da Filosofia, órgão representativo dos estudantes da faculdade. Foi um lider nato, seus colegas chamavam-no de Zé Arantes, ou simplesmente Arantes. Entre estes colegas o hoje famoso e poderoso Ministro Chefe da Casa Civil José Dirceu de Oliveira e Silva, o Zé Dirceu. Outro, de seus inúmeros amigos e companheiros, era Frei Beto, o dominicano que hoje é conselheiro espiritual do Presidente Luís Inácio Lula da Silva e assessor especial do Programa Fome Zero. Todos os seus contemporâneos referem-se ao Zé Arantes com grande carinho. Os dois Zés estudaram e militaram juntos. Com ideal socialista, eles eram da base do Partido Comunista Brasileiro, que começou a se desmanchar em vários grupos que questionavam a política adotada por este partido nos períodos pré e pós golpe militar de 1964. Entraram na Dissidência Comunista de São Paulo, transformada posteriormente em ALN - Ação Libertadora Nacional, e terminaram no MOLIPO - Movimento de Libertação Popular, que pregava a luta armada como forma de derrotar a ditadura militar. Em 1967 tornou-se vice-presidente da UNE - União Nacional dos Estudantes, à época uma importante e representativa entidade da sociedade civil, com enorme influência política e social. Em 1968 a UNE tentou realizar seu 30º Congresso, em Ibiuna/SP que declarado proibido pelo governo militar foi invadido pela polícia. Todos os seus participantes foram presos, levados para para o Presídio Tiradentes para a triagem dos estudantes para serem conduzidos aos respectivos Estados de origem. Os estudantes daqui de São Paulo foram conduzidos ao famoso prédio do DOPS no Largo Gal.Osório e seus lideres foram todos processados. Zé Arantes conseguiu fugir de dentro do Presídio Tiradentes, pela porta da frente, disfarçando-se no meio da balburdia produzida por quase 800 presos que lotavam as dependências do famoso presídio em São Paulo. Posteriormente teve sua prisão decretada pela Auditoria Militar que, então, julgava os crimes políticos. Clandestino, viveu com nomes falsos, teve seus últimos momentos de ternura e contato familiar na Semana Santa de 1969 quando, junto com seu irmão Dado e sua namorada Lola e de alguns primos, passou alguns dias na praia deserta de Bertioga. Vivendo na clandestinidade foi para Cuba participar de treinamento para a guerra de guerrilhas. Voltou ao Brasil na chamada Turma dos 28. Caçados pelos órgãos de segurança, DOPS, DOI-CODI, CENIMAR e outros, todos os jovens idealistas que voltaram ao Brasil nesta turma foram mortos ou desapareceram para sempre. No dia 04 de novembro de 1971, aos 28 anos, foi descoberto pelo DOI-CODI numa casa da Rua Cervantes nº 7, na Vila Prudente, em São Paulo. Resistiu à prisão, e as torturas que fatalmente se seguiriam, lutando bravamente e terminou morto. Usava o nome falso de José Carlos Pires de Andrade, com o qual foi necropsiado pelo IML. Em seguida foi enterrado no Cemitério de Perus, muito utilizado pela ditadura para enterrar os oposicionistas mortos. Resgatado pela família, seu corpo foi exumado e levado para sepultamento, sob um manto de silêncio, com seu nome verdadeiro em Araraquara. Sua namorada Lola, a jovem Aurora Maria Nascimento Furtado, foi assassinada sob torturas, em novembro de 1972, no Rio de Janeiro. Sua morte se deu por embolia cerebral torturada com a um instrumento denominado “coroa de Cristo” que nada mais era um torniquete de aço que ia comprimindo o seu crânio. Homenageando-o em 1978, os estudantes da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP de Araraquara, deram seu nome à sua entidade representativa: Diretório Acadêmico José Arantes. Em 24 de novembro de 1983, através do Decreto Municipal nº 4.944, do prefeito municipal Clodoaldo Medina, atendendo uma solicitação de autoria do então vereador petista Domingos Carnesecca Neto, a cidade de Araraquara denominou Avenida José Arantes, uma via pública do bairro Cidade Jardim. Outras homenagens se sucederam em várias cidades do nosso país, entre as quais Ribeirão Preto que também tem a sua Avenida José Roberto Arantes de Almeida. A Câmara Municipal de Araraquara aprovou projeto de lei do vereador Eduardo Lauand, sancionado pelo prefeito Edinho Silva, que cria a Praça Memorial da Liberdade, em área do município contornada pela Avenida "2" e Avenida Jorge Miguel Saba, no loteamento Parque Residencial Iguatemi, em homenagem aos araraquarenses vítimas do regime militar pós-1964: Luiza Augusta Garlippe (Tuta), Jurandir Rios Garçoni e José Roberto Arantes de Almeida.
(Colaborou Domingos Carnesecca Neto).
Fonte: http://www.obiroska.blogspot.com
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