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quarta-feira, 20 de abril de 2011

Uma visita inusitada e gratificante…

Na semana passada, Pirajuí recebeu a visita do arquiteto Nelson Ribeiro Machado,  funcionário da Divisão de Obras da Prefeitura Municipal de Campinas que aqui permaneceu por alguns dias para levantar dados a rFoto 5espeito de seus antepassados em diversos cartórios e divisões da Prefeitura Municipal e de também do Acervo Permanente do Legislativo Pirajuiense. Assim sendo, ele foi recebido pelo Vereador Vanderlei Ferreira Grejo, após ter passado em cartórios de nossa cidade e de também do Centro de Educação Unificado onde encontra-se a atualmente a Biblioteca Pública Municipal além de uma unidade do Programa Acessa São Paulo, mantido pelo Governo do Estado de São Paulo. Desta forma recebi assim uma ligação do vereador Vandão,  já que minha esposa Rejane e eu tínhamos sido responsáveis por um trabalho de conservação preventiva junto ao que sobrou do acervo documental permanente desta Casa de Leis, me consultando se havia a possibilidade de se pesquisar dados a respeito da Vila de Corredeira hoje Distrito de Pirajuí, uma vez que Nelson estava atrás de informações de seus antepassados que foram os primeiros moradores daquele povoado. E segundo declaração do próprio Nelson, seu interesse é o de levantar dados de seus antepassados para montagem de uma arvore genealógica conforme ele mesmo nos declarou em seu depoimento a seguir “Há poucos meses atrás, na intenção de montar minha arvore genealógica, deparei-me com a limitação de informações quanto ao ramo dos antepassados portugueses de meu pai” e “Entre as poucas certezasFoto 8 estavam as suas passagens pela cidade de Pirajuí, considerando as citações de parentes a muito afastados ou já falecidos, e principalmente amparado em dois surrados livros antigos, tidos como patrimônio da família.” Continuando ainda em seu relato, Nelson nos diz que O primeiro, escrito por Edgard Laje de Andrade, intitulado “Sertões da Noroeste”, de 1945, onde entre seu conteúdo épico encontram-se apenas dois parágrafos grifados, provavelmente por minha avó, com caneta esferográfica azul, como destaque para a propriedade de Joaquim dos Santos, desbravador da região e um dos fundadores da cidade de Pira  juí.” Ainda segundo nosso visitante “Com uma pequena tiragem, apenas para presentear parente e amigos próximos, o segundo e não menos épico, foi escrito pela primeira neta de Joaquim dos Santos, Felícia Alves dos Santos, filha de minha bisavó Maria Francisca de Jesus, a querida e saudosa dona Tita, primeira filha deste bravo bandeirante do recém iniciado século XX. Neste pequeno livro, “O Mundo Restrito de Dona Fé”, de 1977, em sua linguagem simples e coloquial, ela alterna filosofias próprias sobre a vida, com uma prodigiosa memória de sua infância, trazendo cenas que nos leva a conhecer detalhes da dolorosa saga e do cotidiano de uma família, que em confronto direto com os índios Coroados, consolidou e perdeu terras junto com seus entes mais queridos, e que mais tarde veio a se constituir na localidade de Corredeira, um distrito de Pirajuí.” Ainda segundo nos contou Nelson Ribeiro Machado “Após cuidadosa leitura destas publicações e ávido por mais informações, lancei mão da internet. Nome de cidades e de familiares, um a um foi titulado, sites variados foram exaustivamente pesquisados sem nada acrescentar Primeiros moradores do Distrito da Corredeiraao pouco que dispunha, até que num site de busca apresentei para localização as palavras “Joaquim dos Santos Corredeira” e u m acervo de fotos de Cássio Cururu surge na tela. Qual foi minha surpresa quando numa foto antiga,  possivelmente datada de 1904, me deparo com um numeroso grupamento de pessoas à frente de uma casa de colono, contendo  legenda em ma100_3331nuscrito com os seguintes dizeres: “Família de Joaquim dos Santos, último morador de Corredeira (por localizar-se no limite da divisa com as terras sob domínio dos índios Coroados) ”. E ainda em seu relato Nelson nos diz que  “forte emoção me tomou conta quando de imediato identifiquei meu tataravô Joaquim e minha bisavó Tita com sua filha Felícia ao colo, beirando seus dois aninhos de idade, a mesma autora do livro já citado e que muitos anos mais  tarde me despertariam tamanho interesse por meus antepassados” e ainda “fotos posteriores mais atuais, do mesmo acervo, junto com imagens de Corredeira, ainda me trouxerCorredeira antiga Capela Alto do Morroam o registro de uma capelinha, isolada em campo aberto, onde deduzi tratar-se do marco onde foi enterrado meu tataravô e parte de sua família.”  Segundo ainda o depoimento de Nelson sua vinda a Pirajuí  foi necessária pois “na impossibilidade de dominar incontido desejo de tomar contato com dados mais precisos sobre estas gerações de parentescos que pelas terras da noroeste paulista fincou raízes e criaram seus descendentes, parti para a cidade de Pirajuí a busca de documentos em cartórios, igrejas, cemitérios, órgãos públicos, e da memória  viva de algum de seus atuais habitantes que porventura ainda estivessem de posse de sua plena lucidez, apesar da idade avançada que certamente eu os iria encontrar e entre as minhas expectativas, estava um encontro com Cássio Cururu, uma pessoa que só conhecia pelo nome, mas que certamente poderia contribuir muito nesta minha empreitada.” Após me instalar estrategicamente no Hotel Pirajuí e ter percorrido os três cartórios do município, dirigi-me a uma biblioteca pública onde através do contato com Rose Sinhorini, que vim saber posteriormente se tratar da atual Secretária Municipal de Cultura, recebi o convite de me dirigir a Câmara Municipal, pois o vereadorFoto 4 Wanderley Ferreira Grejo lá me aguardava. A partir da ligação do vereador Vandão, me dirigi até a Câmara Municipal onde fui apresentado ao Nelson e pude então explicar ao visitante que as fotos encontradas por ele haviam sido realmente postadas por mim pois já há algum tempo eu e Rejane vimos pesquisando sobre este assunto, o Cururu que ele gostaria de conhecer. Assim sendo, convidado pelo Vereador e pelo próprio Nelson marcamos a visita ao Distrito de Corredeira para que eu e o morador José Torres os levassem no alto do morro onde lá existe o que resta de uma pequena capela que, segundo José Torres, que eleFoto 03 declarou existir há muito tempo, desde que ele era menino e que, segundo moradores de lá, foi erguida em louvor a São Sebastião e que provavelmente seria o local da chacina e onde jaziam os restos mortais do genro e do filho mais velho de Joaquim dos Santos. Desta forma portanto fica aqui o registro de o quanto é importante os municípios preserv arem a suas memórias bem como a da sua população, e de também investirem de forma adequada em equipamentos culturais que valorizem a cultura de uma forma geral. E, na visita ao Distrito da Corredeira, juntamente cFoto 01om o vereador Vandão Grejo, nascido e criado lá naquela localidade, Nelson pode visitar no alto do morro a capelinha que vira postado no meu arquivo no Panoramio do Google Earth e de também conhecer um antigo morador daquela vila que, coincidentemente, mora em uma casa antiga que guarda muitas semelhança com aquela que foi retratada pelo fotógrafo da Expedição do Rio Feio em 1905.

Foto 06

Desta forma portanto, foi realmente uma visita inusitada e importante para restabelecer-se assim parte da memória de Pirajuí, e altamente gratificante para nós sabermos que nosso trabalho foi compensado e reconhecido pois vem acrescentar assim dados para este resgate cultural tão importante para as futuras gerações que pouco conhecem de nossa história e do que significou este “progresso” tanto para os que aqui chegaram como para os que aqui habitavam e que tão valentemente defenderam seu territórios em que viviam de maneira equilibrada e auto sustentável: os índios Kaingang  cujos poucos e ínfimos remanescentes vivem nas Terras Indígenas de Vanuire e Icatu, respectivamente nos municípios de Arco Íris e Braúna.

5 comentários:

Mafuá do HPA disse...

caro Cássio
Que lindo!
Tô vendo que pegou gosto por escrevinhações mil.
Que bela história.
Vibrei do lado de cá...
Henrique
www.mafuadohpa.blogspot.com

Cassio Cururu disse...

Obrigado Cururu Henrique do Mafuá...
Gostei que voce tenha gostado pois foi uma visita inusitada e incrível...
Abraços
Cassio

Rodrigo Schias disse...

Parabéns Cassinho pela matéria,realmente a Corredeira é incrível, tantas histórias e acontecimentos, fico pensando... tem tantos caminhos por aí, caminho do sol (águas de são pedro), caminho da fé (tambaú); porque a Rose Senhorini - chefe da Cultura em Pirajuí citada na matéria não cria o "Caminho do Monsenhor Claro" ou "Caminho Claro" sei lá o nome, seria uma preparação para todos esses outros caminhos, que por consequência seria preparatório aos outros findando ao de Santiago (Esp.), olha que temos um senhor prédio inutilizado lá (antiga escola) que serviria de pousada aumentando o turismo na nossa querida Pirajuí, além da "pitoresquidade" e romantismo do lugar, imagino com as ruas calçadas de paralelepípedos,e aí vai.
Tá falado, abraço.

Cururu disse...

Boa Noite Cururu Rodrigo, do PV de Pirajuí,
Sim , o lugar é demais interessante e já foi um grande celeiro de Pirajuí.
Hoje relegado sempre a um plano secundário, vai pairando no tempo...
Um grande predio que um dia foi uma grande escola (tem dois pavimentos) e já faz parte do patrimonio municipal pois foi doada ao municipio.
Minha proposta simples: porque não oferecer este prédio a FATEC o ao Centro Paula Souza para que a ali não seja instalada um curso ambien tal???? ou qualquer outro que tenha algum sentido nesta questão?
O que falta para este poder público que ai está? Vontade Política, criatividade, visão politica e economica?
Fica aqui minha deixa e meu lamento pois isto não vai acontecer nunca com a visão obtusa dos atuais dirigentes municipais...
Um grande abraço a vc
Cassio Cururu

Rejane disse...

LOcal interessante e importante fonte de estudos para as origens da povoação não indígena da região noroeste do Estado. Qt ao Monsenhor Claro - existem estudos que apointam q ele não foi trucidado pelos kaingang, como a história oficial nos faz acreditar ... existiam interesses nessas chamadas terras devolutas,por especuladores imobiliários, e nada tão contundente quanto colocar a opinião pública contra eles (kaingang), no momento em que se iniciava a tomada de suas terras.